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Tendências do comércio internacional de bens (abril- junho de 2025)

A Secretaria-Geral da ALADI, com o objetivo de dar apoio à tomada de decisões dos atores econômicos da região, desenvolve indicadores que descrevem e antecipam o comportamento tanto do comércio intrarregional quanto do comércio dos países-membros com o resto do mundo.
Principais variáveis que influem na evolução do comércio internacional de bens dos países-membros da ALADI

O comércio internacional de bens entre os países-membros da ALADI está condicionado pela evolução da atividade econômica, tanto intrarregional quanto com seus principais sócios extrarregionais, pelos preços internacionais dos produtos básicos, pela dinâmica dos preços internos e pelas flutuações nas taxas de câmbio.

Durante o segundo trimestre de 2025, o agravamento das tensões comerciais atingiu seu pico neste ano, aumentando a incerteza quanto ao comportamento futuro das principais variáveis nos mercados de bens, serviços e ativos financeiros. A seguir, uma síntese do comportamento registrado no trimestre pelas principais variáveis.

  • Atividade econômica nos países-membros da ALADI

No início do segundo trimestre do ano intensificaram-se as tensões comerciais, o qual aumentou a incerteza tanto global quanto regional. Para medir este fenômeno, são utilizados indicadores que contabilizam a proporção de notícias publicadas nos principais jornais de países selecionados que fazem referência simultaneamente à política econômica —em geral ou comercial— e a termos vinculados à incerteza ou risco. Como é possível observar, as notícias relacionadas às mudanças na política comercial dos Estados Unidos no início de abril impulsionaram em alta os referidos indicadores, refletindo um aumento da incerteza na economia mundial e também nas economias da região.

Embora os anúncios sobre um aumento das tarifas dos Estados Unidos para seus sócios comerciais hajam sido implementados na prática, diversas estimações mostram que a média da tarifa efetiva foi menor à originalmente anunciada, devido a ajustes e negociações posteriores (Wharton Budget Model, 2025). Isto limitou o impacto no investimento, consumo e comércio, gerando efeitos heterogêneos entre países.(Wharton Budget Model, 2025).

Neste contexto, o FMI projeta um crescimento global de 3,0% em 2025, o que representa uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais, respectivamente, com respeito ao previsto em abril de 2025. Esta melhora responde ao adiantamento de operações comerciais diante de possíveis tarifas mais altas, à aplicação de tarifas efetivas mais baixas que as inicialmente anunciadas, a uma melhora nas condições financeiras e à expansão fiscal em algumas economias (IMF, World Economic Outlook Update, julho 2025). Não obstante, o crescimento global esperado mantém-se por debaixo de 3,3% registrado em 2024, confirmando um cenário de desaceleração moderada.

Para a América Latina e o Caribe, o FMI projeta um crescimento de 2,2% em 2025 e de 2,4%, em 2026, com uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais com respeito a abril. Em nível de países, antecipa-se um desempenho mais favorável no Brasil (2,3% em 2025), enquanto que no México a expansão será muito limitada (0,2% em 2025), o que reflete a heterogeneidade do panorama regional (IMF, 2025).

Em linha com o anterior, os analistas consultados pelos bancos centrais da região preveem para os países da ALADI um crescimento médio de cerca de 2% em 2025, com revisões em alta para o Brasil e revisões em baixa para o México e o Peru.


  • Evolução dos preços internacionais das matérias-primas

No segundo trimestre de 2025, a combinação de menor demanda da China, tensões geopolíticas e aumento da oferta de alguns produtos agrícolas levou a uma queda em termos reais dos preços das matérias-primas de 5,3% em relação ao trimestre anterior e de 5,6% em relação ao mesmo período de 2024.

O desempenho dos preços, no entanto, foi heterogêneo. Os metais preciosos, especialmente o ouro, continuaram a subir, consolidando-se como reserva de valor em um contexto de incerteza. Os fertilizantes também ficaram mais caros devido a restrições de oferta relacionadas a fatores geopolíticos. Em contrapartida, os combustíveis — especialmente petróleo e gás natural — registraram quedas significativas.

Tabela 1. Taxa de variação real dos preços internacionais de matérias-primas selecionadas (em %)
Média Abr.-jun./2025 - Ene.-mar./2025MédiaAbr.-jun./2025 - Out.-dez./2024Média Abr.-jun./2025 - Abr.-jun./2024
Total-5,3-3,9-5,6
Alimentos e bebidas-5,4-4,8-5,7
Produtos agrícolas-5,0-4,5-5,4
Metais básicos-4,3-4,7-9,3
Metais preciosos13,119,734,6
Fertilizantes3,05,3-5,0
Combustíveis-12,5-11,3-15,8
--Petróleo-14,6-13,3-25,3
--Gás natural-15,6-8,318,8
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Fundo Monetário Internacional e Bureau of Labour Statistics.

  • Evolução das taxas de câmbio

No segundo trimestre de 2025, o entorno econômico internacional esteve marcado pela desvalorização do dólar em relação ao euro e ao renminbi, tendência também refletida em diversas moedas da região ALADI.

Comparando as médias de abril a junho com as de janeiro a março de 2025, observam-se apreciações nas moedas do Brasil (-3,2%), México (-4,4%), Uruguai (-3,2%) e Peru (-1,1%). Em contrapartida, as desvalorizações persistiram em países como Argentina (+8,8%), Colômbia (+0,2%), Paraguai (+0,9%) e Venezuela (+48,8%), embora na maioria dos casos em ritmo mais moderado do que em trimestres anteriores.

Tabela 2. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)
País o regiónMedia Abr.-jun./2025 - Jan.-mar./2025Média Abr.-jun./2025 - Out.-dez./2024Média Abr.-jun./2025 - Abr.-jun./2024
Argentina8,814,929,9
Bolívia0,00,00,0
Brasil-3,2-2,69,0
Chile-1,7-1,51,3
Colômbia0,2-3,47,1
Cuba0,00,00,0
México-4,4-2,713,4
Paraguai0,92,16,9
Peru-1,1-2,5-2,1
Uruguai-3,2-2,07,9
Venezuela48,8104,2147,7
China-0,70,5-0,3
Zona Euro-7,5-6,0-5,2
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados dos Bancos Centrais e Institutos de Estatísticas dos países-membros.

  • O comportamento dos preços ao consumidor

No final do segundo trimestre de 2025, a inflação interanual até junho moderou-se na Zona Euro e nos Estados Unidos, enquanto que na China permaneceu em níveis excepcionalmente baixos. Na Zona Euro, a inflação situou-se em torno da faixa prevista pelo Banco Central Europeu (2%). Nos Estados Unidos, embora em queda, manteve-se acima do objetivo da Reserva Federal (Fed, Federal Reserve), atingindo 2,7%. O impacto dos aumentos tarifários ainda não se refletiu plenamente nos preços devido à importação antecipada de alguns produtos e à queda dos preços da energia, fatores que moderaram seu efeito inflacionário. No caso da China, a inflação se manteve em torno de 0,1%, bem abaixo da meta de 3% estabelecida pelo Banco Popular da China, refletindo um contexto de fraca procura interna.
A inflação nos países da ALADI apresentou um desempenho heterogêneo. Vários países apresentaram sinais claros de desaceleração em relação ao ano anterior, com reduções significativas na Argentina e, em menor grau, no Chile, Colômbia, Peru e Uruguai. Outros países, no entanto, mantiveram taxas elevadas ou registraram aumentos, como Bolívia e Cuba, enquanto que o Brasil e México ficaram em níveis moderados.
Tabela 3. Variação anual dos preços ao consumidor (em %)
Descrição da sérieJun.2025Dic.2024Jun.2024
Argentina39,4117,8271,5
Bolívia24,010,03,8
Brasil5,44,84,2
Chile4,14,54,2
Colômbia4,85,27,2
Cuba32,332,332,3
Equador1,40,51,2
México4,34,25,0
Panamá-0,4-0,20,9
Paraguai4,03,84,3
Peru1,72,02,3
Uruguai4,65,55,0
Venezuelanão disponívelnão disponívelnão disponível
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados dos Bancos Centrais e Institutos de Estatísticas dos países-membros.
Exportação de bens dos países-membros da ALADI
O Indicador Oportuno de Exportações Totais de Bens da ALADI registrou um aumento de 3,2% no segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. Após eliminadas as variações sazonais, as exportações apresentaram um aumento de 0,2% em comparação com o primeiro trimestre de 2025.
Importações de bens dos países-membros da ALADI

O Indicador Oportuno de Importações Totais de Bens da ALADI cresceu 6,1% no segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.

Analisando o indicador com ajuste sazonal, foi registrado um crescimento de 0,4% nas importações durante o período de abril – junho de 2025, em comparação com o trimestre de janeiro-março de 2025.
Comércio intrarregional

O Indicador Oportuno de Comércio Intrarregional de Bens da ALADI mostrou um crescimento de 9,5% no segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. Em termos dessazonalizados, o comércio intrarregional cresceu 4,1% em relação ao trimestre anterior.

Conclusões
  • Crescimento Econômico: O FMI projeta um crescimento global de 3,0% em 2025, 0,2 pontos percentuais mais que em abril, impulsionado por tarifas menores, importações antecipadas, melhores condições financeiras e estímulos fiscais. Na região da ALADI, o crescimento médio é estimado em torno de 2%, com revisões em alta no Brasil e em baixa no México e Peru.
  • Preços das matérias-primas: Caíram em média 5,3% no trimestre, embora com comportamentos divergentes entre produtos: aumentos em metais preciosos e fertilizantes e quedas acentuadas em combustíveis.
  • Taxas de Câmbio: O dólar se desvalorizou em relação ao euro e ao renminbi, tendência também refletida em várias moedas da ALADI, com valorizações no Brasil, México, Uruguai e Peru.
  • Inflação: moderou-se nas principais economias (Zona Euro, EUA e China), enquanto que na ALADI o comportamento foi heterogêneo: queda na Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.
  • Exportações: As exportações totais de bens da ALADI cresceram 3,2% interanual e 0,2% trimestralmente (com ajuste sazonal).
  • Importações: As importações da ALADI crescem 6,1% interanual e 0,4% trimestral, em termos ajustados.
  • Comércio intrarregional: expandiu-se 9,5% interanual, enquanto que em termos dessazonalizados aumentou 4,1% em relação ao trimestre anterior.
Dados de gráficos e tabelas
Metodologia e outros documentos

Cápsula de Aprendizaje: ¿Cómo y para qué construimos nuestros indicadores oportunos?
En esta cápsula de aprendizaje explicamos el proceso de construcción de los indicadores oportunos de exportaciones, importaciones y comercio exterior, y también cómo deben ser intepretados.