Último boletim publicado com informações a dezembro de 2022.
A Secretaria-Geral da ALADI elabora indicadores que preveem o comportamento do comércio intrarregional e das exportações e importações de seus países-membros de e para o resto do mundo, com o propósito de facilitar a tomada de decisões dos agentes econômicos.

Principais variáveis que repercutem no andamento do comércio internacional dos países-membros da ALADI
A produção de bens e serviços de um país —e de seus principais parceiros comerciais—, os preços internacionais dos produtos básicos e a evolução dos preços internos e das taxas de câmbio são algumas das variáveis que, no curto prazo, condicionam a oferta e a demanda de bens que os países-membros da ALADI comercializam entre si e com o resto do mundo. Por esse motivo, revisa-se o comportamento recente das variáveis ou fatores mencionados.
- Atividade econômica nos países-membros da ALADI
O Fundo Monetário Internacional atualizou sua análise do andamento da economia mundial em abril de 2023. Segundo suas últimas estimativas, a economia mundial cresceu 3,4% em 2022, impulsionada pelo aumento no nível de atividades das “economias emergentes” (4,0%). Nas “economias avançadas”, a taxa de crescimento foi mais baixa (2,7%). O organismo continua prevendo que a economia mundial deve desacelerar seu crescimento em 2023 (de 4% para 2,8%), também como resultado do ritmo menor de crescimento das economias avançadas (1,3%) e, em particular, das que integram a Zona Euro (0,8%).
O FMI prevê ainda uma leve desaceleração no ritmo de crescimento no nível de atividade nas economias emergentes, que passará de 4% em 2022 para 3,9% em 2023. Neste tipo de economias, o crescimento irá experimentar mudanças de composição em relação a 2022, devido à previsão de maior crescimento da economia chinesa e da diminuição do crescimento da Índia e de outros mercados, incluídos os latino-americanos.
No caso dos países da ALADI, em 2022 a produção de bens e serviços finais foi 3,6% superior à registrada em 2021. Para o ano 2023, o FMI prevê que os países-membros da ALADI diminuam seu ritmo de crescimento de forma mais pronunciada que o resto das economias emergentes. Os aumentos nas taxas de juros internacionais e locais, a diminuição dos preços dos combustíveis, a desaceleração da demanda de alguns dos principais parceiros comerciais, os problemas de oferta associados a fatores climáticos e uma menor demanda interna ajudariam a explicar o ritmo mais baixo de crescimento.
Como ilustrado na tabela 1, o crescimento menor esperado não deveria afetar todos os países-membros da ALADI da mesma maneira.
Tabela 1. Taxa de crescimento do produto interno bruto dos países-membros da ALADI (em %)
País | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
Argentina | -9,9 | 10,4 | 5,2 | 0,2 |
Bolívia | 8,7 | 6,1 | 3,2 | 1,8 |
Brasil | -3,9 | 4,6 | 2,9 | 0,9 |
Chile | -6,1 | 11,7 | 2,4 | -1,0 |
Colômbia | -7,0 | 10,7 | 7,5 | 1,0 |
Cuba* | -10,9 | 1,3 | 4,0 | 3,0 |
Equador | -7,8 | 4,2 | 3,0 | 2,9 |
México | -8,1 | 4,8 | 3,1 | 1,8 |
Panamá | -17,9 | 15,3 | 10,0 | 5,0 |
Paraguai | -0,8 | 4,2 | 0,2 | 4,5 |
Peru | -11,0 | 13,6 | 2,7 | 2,4 |
Uruguai | -6,1 | 4,4 | 4,9 | 2,0 |
Venezuela | -30,0 | 0,5 | 8,0 | 5,0 |
ALADI | -7,1 | 6,6 | 3,7 | 1,3 |
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados históricos de organismos oficiais dos países-membros, e de estimativas e projeções do Fundo Monetário Internacional, com exceção da República de Cuba.(*) Para o caso de Cuba, foram utilizados valores históricos correspondentes a ONEI e CEPAL. Os valores para os anos 2022 e 2023 correspondem a projeções realizadas pelo Ministério da Economia e Planejamento da República de Cuba.
A desaceleração prevista no ritmo de crescimento dos países da região e de alguns de seus principais parceiros comerciais é um dos fatores que impedirá que os fluxos de comércio dos países da região possam repetir, em 2023, o bom desempenho de 2022.
- Evolução dos preços internacionais das matérias-primas
Em 2022, os preços internacionais das matérias-primas aumentaram 23,9% em termos reais, impulsionados pelo crescimento dos preços do petróleo (37,3%), do gás natural (91,7%) e dos fertilizantes (52%), em decorrência da intensificação da guerra da Ucrânia, especialmente na primeira metade do ano.
No último trimestre do ano 2022, os preços internacionais das matérias-primas caíram 3,9% em termos reais, se comparados com o mesmo trimestre de 2021. A queda de preços em termos reais foi praticamente generalizada, com exceção dos preços do petróleo e dos fertilizantes, que aumentaram 9,6% e 10,7%, respectivamente.
Tabela 2. Taxa de variação real dos preços internacionais de matérias-primas selecionadas (em %)
Média do ano 2022/ Média do ano 2021 | Média Out.-dez/22- Média Out.-dez.21 | |
Total | 23,9 | -3,9 |
Alimentos y bebidas | 5,8 | -2,7 |
Produtos agrícolas | 4,9 | -4,0 |
Metais básicos | -12,4 | -15,2 |
Metais preciosos | -9,1 | -10,1 |
Adubo | 58,3 | 10,7 |
Combustíveis | 52,0 | -1,1 |
–Petróleo | 37,3 | 9,6 |
–Gás natural | 91,7 | -13,9 |
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Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Fundo Monetário Internacional e do Bureau of Labour Statistics.
Para o ano 2023, o FMI prevê que o menor ritmo de crescimento e o aumento das taxas de juros internacionais consolidem a diminuição dos preços internacionais das matérias-primas. Essa redução acarreta dos efeitos contrapostos nos países da ALADI: por um lado, ela diminui o ingresso de divisas provenientes de exportações dos países produtores e exportadores de alimentos e combustíveis; pelo outro, mitiga a saída de divisas dos países que são fortes importadores deste tipo de bens.
- Evolução das taxas de câmbio
Em 2022, a moeda chinesa, o euro e as moedas dos países da região ALADI se depreciaram 4,3%, 12,5% e 2,3% respectivamente, em relação ao dólar estadunidense.
Quanto aos países da ALADI, como mostra a tabela 3, o comportamento geral apresenta realidades muito diversas. Alguns países mostraram grande desvalorização de suas moedas em relação ao dólar, medidas em termos nominais (Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia); outros valorizaram suas moedas (Uruguai, Brasil e México) e, por fim, houve países cujas moedas se mantiveram inalteradas (Bolívia) ou que, diretamente, não podem variar por serem economias dolarizadas (Equador e Panamá).
Tabela 3. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)
País ou região | Out-dez./2022- Jul.-set./2022 | Out.-dez.-22/- Out.-dez.-21 | Promedio 2022/ Promedio 2021 |
Argentina | 19,7 | 61,3 | 37,2 |
Bolívia | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
Brasil | 0,3 | -5,8 | -4,25 |
Chile | -1,1 | 11,0 | 15,03 |
Colômbia | 9,8 | 23,8 | 13,59 |
Cuba | 0,0 | 0,0 | 0,40 |
México | -2,8 | -5,1 | -0,76 |
Paraguai | 4,2 | 4,7 | 2,94 |
Peru | 0,2 | -3,2 | -1,14 |
Uruguai | -2,1 | -9,0 | -5,42 |
Venezuela | 61,4 | 141,7 | 100,0 |
ALADI | 3,0 | 7,5 | 2,3 |
China | 3,9 | 11,3 | 4,43 |
Zona Euro | -1,2 | 12,2 | 12,48 |
- Comportamento dos preços ao consumidor
Em 2022, nos países onde a política monetária tinha metas inflacionárias, a inflação se manteve acima dessas metas e, na maioria dos casos, acima dos níveis prévios à pandemia. A diminuição da inflação será um caminho lento, apesar de que as autoridades da maioria dos países tenham implementado, durante 2022, medidas monetárias e fiscais restritivas e apesar de que, na última metade do ano, tenha diminuído a pressão imposta pelos preços internacionais das matérias-primas sobre os preços internos.
No caso dos países-membros da ALADI, como ilustrado na tabela 4, o comportamento da inflação medida pela variação dos preços ao consumidor foi muito heterogêneo. O FMI prevê uma desaceleração da inflação para a maioria dos países.
Tabela 4. Variação anual dos preços ao consumidor (em %)
País ou região | Fim do período: Dezembro de 2021 | Fim do período Dezembro de 2022 | Fim do período: Dezembro de 2023* | Média 2022 | Média 2023* | |
Argentina | 50,9 | 94,8 | 88,0 | 72,4 | 98,6 | |
Bolivía | 0,9 | 3,1 | 3,6 | 1,7 | 4,0 | |
Brasil | 10,1 | 5,8 | 5,4 | 9,3 | 5,0 | |
Chile | 7,4 | 12,8 | 5,0 | 11,6 | 7,9 | |
Colômbia | 5,6 | 13,1 | 8,4 | 10,2 | 10,9 | |
Cuba* | 77,3 | 39,1 | n/d | n/d | n/d | |
Equador | 1,9 | 3,7 | 2,3 | 3,5 | 2,5 | |
México | 7,4 | 7,8 | 5,0 | 7,9 | 6,3 | |
Panamá | 2,6 | 2,0 | 3,1 | 2,9 | 2,2 | |
Paraguai | 6,8 | 8,1 | 4,1 | 9,8 | 5,2 | |
Peru | 6,4 | 8,5 | 3,0 | 7,9 | 5,7 | |
Uruguai | 8,0 | 8,3 | 7,0 | 9,1 | 7,6 | |
Venezuela | 686,9 | 155,8** | 250 | 200,9 | 400,0 |
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados de organismos oficiais dos países-membros.(*) Correspondem a estimativas realizadas pelo FMI no World Economic Outlook. Abril 2023.(**) Para o caso da Venezuela, o valor da inflação dos últimos doze meses finalizados em dezembro não está disponível; portanto, foi utilizado o último valor disponível: o valor dos últimos doze meses finalizados em outubro de 2022.
Exportações dos países-membros da ALADI
O Indicador oportuno de exportações totais de bens da ALADI, que mede a evolução das vendas em dólares de bens de seus treze países-membros para o mundo, aumentou 10,8% no quarto trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. O indicador incrementou-se 16% para o ano inteiro, registrando ótimo desempenho pelo segundo ano consecutivo.
Não obstante, o indicador, medido em termos sazonalizados —isto é, sem levar em conta as oscilações no comportamento do indicador associadas a movimentos periódicos ou sazonais— registrou queda de 1,4% no montante exportado de bens pelos países-membros da ALADI para o mundo, no comparativo do quarto trimestre de 2022 com o terceiro trimestre do mesmo ano.
Importações dos países-membros da ALADI
Por sua vez, o Indicador oportuno de importações totais de bens da ALADI, que mostra a evolução das compras de bens que realizam os países-membros da ALADI do resto do mundo, aumentou 4,8% no quarto trimestre de 2022, se comparado ao mesmo período de 2021. Portanto, este indicador registrou alta de 20,7% em 2022, em relação a 2021.
Ao analisar o comportamento do indicador nos últimos meses do ano, e ao fazer o comparativo eliminado os fatores sazonais, observa-se que as compras do exterior caíram 6,7% no trimestre outubro-dezembro de 2022, em relação ao trimestre julho-setembro do mesmo ano. Tal como aconteceu com o indicador oportuno de exportações de bens, o indicador de importações também diminuiu no último trimestre de 2022. Isto indica que o crescimento do comércio de bens dos países da região com o mundo não poderia continuar com o mesmo ritmo de crescimento registrado em 2022.
Comércio intrarregional
Por fim, o Indicador oportuno de comércio intrarregional da ALADI aumentou 5,3% no período outubro-dezembro de 2022, em comparação com o mesmo trimestre de 2021. No total do ano 2022, o comércio intrarregional aumentou 21,4%, demonstrando comportamento muito positivo, em sintonia com o apresentado pelas exportações e importações dos países-membros com o mundo.
Ademais, o valor comercializado pelos países-membros da ALADI durante o quarto trimestre diminuiu 6,7%, em relação ao valor comercializado no período julho-setembro de 2022, sem considerar fatores sazonalizados.
Em conclusão, todos os indicadores oportunos de fluxos de comércio tiveram ótimo desempenho em 2022. Porém, o comportamento evidenciado nos dois últimos trimestres do ano demostra que tal desempenho não poderia se manter em 2023.