Tendências do Comércio Internacional de Bens (janeiro-março de 2023)

Último boletim publicado com informações de março de 2023



A Secretaria-Geral da ALADI elabora indicadores que preveem o comportamento do comércio intrarregional e das exportações e importações de seus países-membros de e para o resto do mundo, com o propósito de facilitar a tomada de decisões dos agentes econômicos.

Principais variáveis que repercutem no andamento do comércio internacional dos países-membros da ALADI

A produção de bens e serviços de um país —e de seus principais parceiros comerciais—, os preços internacionais dos produtos básicos e a evolução dos preços internos e das taxas de câmbio são algumas das variáveis que, no curto prazo, condicionam a oferta e a demanda de bens que os países-membros da ALADI comercializam entre si e com o resto do mundo. Por esse motivo, revisa-se o comportamento recente das variáveis ou fatores mencionados.

  • Atividade econômica nos países-membros da ALADI

O Fundo Monetário Internacional atualizou a sua análise sobre a evolução da economia mundial em julho de 2023 e considera que as perspetivas para a economia mundial melhoraram ligeiramente face a outubro do ano passado. No entanto, a agência mantém a estimativa de que a economia mundial desacelere seu crescimento, que passaria de 3,5% em 2022 para 3,0% em 2023. O menor ritmo de crescimento da economia mundial neste ano será explicado principalmente pelo baixo crescimento da das economias que compõem a Zona Euro (0,9% em 2023) e o menor crescimento da economia dos Estados Unidos (1,8%)

Nestas economias, o impacto dos aumentos dos preços internacionais dos produtos alimentares e energéticos, das taxas de juro, constituem alguns dos factores que explicam o abrandamento do nível de atividade econômica.

Ao contrário do que acontece com as economias avançadas, as economias dos países emergentes como um todo manteriam seu ritmo de crescimento (4,0% em 2023). A realidade das economias emergentes é muito heterogênea. Assim, enquanto as economias da China e da Índia serão os grandes motores do crescimento na região asiática e no mundo, com taxas de crescimento estimadas em 5,2% e 6,1%, respectivamente, para este ano; nas economias da América Latina e do Caribe, a taxa de crescimento cairá de 3,9% em 2022 para 1,9% em 2023.

  • Evolução dos preços internacionais das matérias-primas

No primeiro trimestre deste ano, os preços internacionais das matérias-primas recuaram 10,1% em termos reais, em relação ao mesmo trimestre de 2022. A queda dos preços internacionais foi puxada pela redução nos preços de combustíveis e fertilizantes

Segundo o FMI, a queda dos preços das commodities vai continuar neste ano e no próximo. O menor ritmo de crescimento da economia mundial e o aumento das taxas de juros fariam com que, em 2023, o preço dos combustíveis registrasse uma queda de 20,7% em relação aos níveis de 2022, enquanto para o restante das matérias-primas a queda seria 4,8%. Em 2024, a queda dos preços seria amortecida, atingindo 4,8% e 1,4%, respectivamente.

Tabela 1. Taxa de variação real dos preços internacionais de matérias-primas selecionadas (em %)


Média 
Jan-mar./2023-
Out-dez./2022
Média 
Jan-mar./2023-
Jan-mar./2022
Total-9.8-10,1
Alimentos e bebidas2,4-10,8
Produtos agrícolas1,7-12,1
Metais básicos17,5-12,1
Metais preciosos 17,5 -2,4
Adubo 18,7-18,5
Combustíveis-22,0-30,6
–Petróleo -10,1-17,9
–Gás natural-44,1-49,0

.
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Fundo Monetário Internacional e Bureau of Labour Statistics.

Essa redução tem um efeito contraposto nos países da ALADI: por um lado, ela diminui o ingresso de divisas provenientes de exportações dos países produtores e exportadores de alimentos e combustíveis; pelo outro, mitiga a saída de divisas dos países que são fortes importadores deste tipo de bens.

  • Evolução das taxas de câmbio

No trimestre janeiro-março de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior, as moedas da China e da Zona do Euro sofreram desvalorização de 7,8% e 4,8%, respectivamente, em relação ao dólar norte-americano. Essa situação inverte-se se a comparação for feita com relação ao trimestre de outubro a dezembro de 2022.

Com relação aos países da ALADI, como pode ser verificado na tabela 2, o comportamento é heterogêneo e nem sempre relacionado ao registrado pelas principais moedas devido à ausência de possibilidades de operar na taxa de câmbio, em alguns casos, a decisão de desacelerar a taxa de câmbio como forma de conter a inflação interna, bem como as entradas e saídas de capitais derivadas do diferencial de juros.

Tabela 2. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)

País ou regiãoMédia
Jan-mar./2023-
Out-dez./2022
Média
Jan-mar./2023-
Jan-mar./2022
Argentina18,680,6
Bolívia0,00,0
Brasil-1,3-0,9
Chile-11,30,3
Colômbia -1,0 21,7
Cuba0,00,0
México -5,1 -9,0
Paraguai1,44,5
Peru-1,90,4
Uruguai-1,9-9,5
Venezuela108,8405,4
China-3,87,8
Zona Euro-4,94,8
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Banco Central de Chile.

No curto prazo, se a variação da taxa de câmbio não acompanhar a variação dos preços internos menos a inflação dos principais parceiros comerciais, observar-se-á uma perda de competitividade nos produtos e serviços que a região exporta, num momento em que também há um ajuste para baixo nos preços internacionais dos produtos.

  • Comportamento dos preços ao consumidor

Nos últimos doze meses terminados em março de 2023, pode-se constatar que na maioria dos países do mundo a inflação começou a diminuir, como resultado da queda dos preços de alimentos e combustíveis em todo o mundo, mas também, como resultado das políticas adotadas pelas autoridades monetárias para esse fim. Não obstante, na maioria dos casos a desaceleração da inflação é gradual e, nas principais economias do mundo, os valores estão longe das metas estabelecidas.

No caso dos países membros da ALADI, conforme pode ser observado na tabela 3, o comportamento da inflação medida pela variação dos preços ao consumidor foi bastante heterogêneo.

Tabela 3. Variação anual dos preços ao consumidor (em %)

País ou região Março 2022 Dezembro 2022 Março 2023
Argentina55,194,8104,3
Bolivía0,83,12,5
Brasil11,35,85,8
Chile9,412,811,1
Colômbia 8,513,113,3
Cuba21,739,144,5
Equador2,63,72,9
México7,57,86,9
Panamá3,22,01,4
Paraguai10,18,16,4
Peru6,88,58,4
Uruguai9,48,37,3
Venezuela284,7234,1439,6
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados de organismos oficiais dos países-membros.

Exportações dos países-membros da ALADI

O Indicador oportuno das Exportações Totais de Bens – ALADI, que mede a evolução das vendas em dólares de bens de seus treze países membros para o mundo, aumentou 4,5% no primeiro trimestre de 2023, em relação ao mesmo trimestre de 2022.

No entanto, o indicador, medido em termos dessazonalizados —ou seja, sem considerar as oscilações em seu comportamento associadas a movimentos periódicos ou sazonais— mostrou um aumento de apenas 0,45% na quantidade de mercadorias exportadas pelos países membros da ALADI na comparação do primeiro trimestre de 2023 com o último trimestre de 2022.

Importações dos países-membros da ALADI

Por sua vez, o Indicador oportuno de Importações Totais de Bens – ALADI, que mostra a evolução das compras de bens dos países membros da ALADI para o mundo, aumentou 1,4% no período janeiro-março de 2022, em relação ao mesmo período de 2022.

Ao analisar o comportamento do indicador nos primeiros meses do ano e ao fazer a comparação eliminando os fatores sazonais, observa-se que as compras no exterior caíram 1% no trimestre janeiro-março de 2023, em relação ao trimestre outubro-dezembro 2022.

Comércio intrarregional

Finalmente, o Indicador oportuno do Comércio Intrarregional – ALADI aumentou 5,3% no período de outubro a dezembro de 2022, em relação ao mesmo trimestre de 2021. No total do ano de 2022, o comércio intrarregional aumentou 21,4%, também marcando um comportamento positivo, em linha com o apresentado pelas exportações e importações dos países membros com o mundo.

Da mesma forma, o valor médio comercializado pelos países membros da ALADI durante o quarto trimestre diminuiu 6,7% em relação ao valor médio comercializado no período julho-setembro de 2022, sem levar em conta fatores sazonais.

Em conclusão, todos os indicadores oportunos dos fluxos de comércio tiveram um desempenho muito bom em 2022. No entanto, o comportamento evidenciado nos dois últimos trimestres do ano mostra que esse desempenho não poderia ser mantido em 2023.


Dados de gráficas e tabelas

Gráfica 1. Taxa de crescimento do PIB: ALADI e principais parceiros comerciais (em %)
Gráfica 2. Índice de preços internacionais das matérias-primas
Gráfica 3. Inflação interanual (%)
Gráfica 4. Indicador oportuno de exportações totais – ALADI
Gráfica 5. Indicador oportuno de importações totais – ALADI
Gráfica 6. Indicador oportuno de comércio intrarregional – ALADI
Tabela 1. Taxa de variação real dos preços internacionais de matérias-primas selecionadas (em %)
Tabela 2. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)
Tabela 3. Variação anual dos preços ao consumidor (em %)

Metodologia e outros documentos


Tendências do Comércio Internacional de Bens (outubro-dezembro 2022)

Último boletim publicado com informações a dezembro de 2022.



A Secretaria-Geral da ALADI elabora indicadores que preveem o comportamento do comércio intrarregional e das exportações e importações de seus países-membros de e para o resto do mundo, com o propósito de facilitar a tomada de decisões dos agentes econômicos.

Principais variáveis que repercutem no andamento do comércio internacional dos países-membros da ALADI

A produção de bens e serviços de um país —e de seus principais parceiros comerciais—, os preços internacionais dos produtos básicos e a evolução dos preços internos e das taxas de câmbio são algumas das variáveis que, no curto prazo, condicionam a oferta e a demanda de bens que os países-membros da ALADI comercializam entre si e com o resto do mundo. Por esse motivo, revisa-se o comportamento recente das variáveis ou fatores mencionados.

  • Atividade econômica nos países-membros da ALADI

O Fundo Monetário Internacional atualizou sua análise do andamento da economia mundial em abril de 2023. Segundo suas últimas estimativas, a economia mundial cresceu 3,4% em 2022, impulsionada pelo aumento no nível de atividades das “economias emergentes” (4,0%). Nas “economias avançadas”, a taxa de crescimento foi mais baixa (2,7%). O organismo continua prevendo que a economia mundial deve desacelerar seu crescimento em 2023 (de 4% para 2,8%), também como resultado do ritmo menor de crescimento das economias avançadas (1,3%) e, em particular, das que integram a Zona Euro (0,8%).

O FMI prevê ainda uma leve desaceleração no ritmo de crescimento no nível de atividade nas economias emergentes, que passará de 4% em 2022 para 3,9% em 2023. Neste tipo de economias, o crescimento irá experimentar mudanças de composição em relação a 2022, devido à previsão de maior crescimento da economia chinesa e da diminuição do crescimento da Índia e de outros mercados, incluídos os latino-americanos.

No caso dos países da ALADI, em 2022 a produção de bens e serviços finais foi 3,6% superior à registrada em 2021. Para o ano 2023, o FMI prevê que os países-membros da ALADI diminuam seu ritmo de crescimento de forma mais pronunciada que o resto das economias emergentes. Os aumentos nas taxas de juros internacionais e locais, a diminuição dos preços dos combustíveis, a desaceleração da demanda de alguns dos principais parceiros comerciais, os problemas de oferta associados a fatores climáticos e uma menor demanda interna ajudariam a explicar o ritmo mais baixo de crescimento.

Como ilustrado na tabela 1, o crescimento menor esperado não deveria afetar todos os países-membros da ALADI da mesma maneira.

Tabela 1. Taxa de crescimento do produto interno bruto dos países-membros da ALADI (em %)

País2020202120222023
Argentina-9,910,45,20,2
Bolívia8,76,13,21,8
Brasil-3,94,62,90,9
Chile-6,111,72,4-1,0
Colômbia-7,010,77,51,0
Cuba*-10,91,34,03,0
Equador-7,84,23,02,9
México-8,14,83,11,8
Panamá-17,915,310,05,0
Paraguai-0,84,20,24,5
Peru-11,013,62,72,4
Uruguai-6,14,44,92,0
Venezuela-30,00,58,05,0
ALADI-7,16,63,71,3

Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados históricos de organismos oficiais dos países-membros, e de estimativas e projeções do Fundo Monetário Internacional, com exceção da República de Cuba.(*) Para o caso de Cuba, foram utilizados valores históricos correspondentes a ONEI e CEPAL. Os valores para os anos 2022 e 2023 correspondem a projeções realizadas pelo Ministério da Economia e Planejamento da República de Cuba.

A desaceleração prevista no ritmo de crescimento dos países da região e de alguns de seus principais parceiros comerciais é um dos fatores que impedirá que os fluxos de comércio dos países da região possam repetir, em 2023, o bom desempenho de 2022.

  • Evolução dos preços internacionais das matérias-primas

Em 2022, os preços internacionais das matérias-primas aumentaram 23,9% em termos reais, impulsionados pelo crescimento dos preços do petróleo (37,3%), do gás natural (91,7%) e dos fertilizantes (52%), em decorrência da intensificação da guerra da Ucrânia, especialmente na primeira metade do ano.

No último trimestre do ano 2022, os preços internacionais das matérias-primas caíram 3,9% em termos reais, se comparados com o mesmo trimestre de 2021. A queda de preços em termos reais foi praticamente generalizada, com exceção dos preços do petróleo e dos fertilizantes, que aumentaram 9,6% e 10,7%, respectivamente.

Tabela 2. Taxa de variação real dos preços internacionais de matérias-primas selecionadas (em %)

Média do ano 2022/
Média do ano 2021
Média Out.-dez/22-
Média Out.-dez.21
Total23,9-3,9
Alimentos y bebidas5,8-2,7
Produtos agrícolas4,9-4,0
Metais básicos-12,4-15,2
Metais preciosos -9,1 -10,1
Adubo58,310,7
Combustíveis52,0-1,1
–Petróleo37,39,6
–Gás natural91,7-13,9

.
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Fundo Monetário Internacional e do Bureau of Labour Statistics.

Para o ano 2023, o FMI prevê que o menor ritmo de crescimento e o aumento das taxas de juros internacionais consolidem a diminuição dos preços internacionais das matérias-primas. Essa redução acarreta dos efeitos contrapostos nos países da ALADI: por um lado, ela diminui o ingresso de divisas provenientes de exportações dos países produtores e exportadores de alimentos e combustíveis; pelo outro, mitiga a saída de divisas dos países que são fortes importadores deste tipo de bens.

  • Evolução das taxas de câmbio

Em 2022, a moeda chinesa, o euro e as moedas dos países da região ALADI se depreciaram 4,3%, 12,5% e 2,3% respectivamente, em relação ao dólar estadunidense.

Quanto aos países da ALADI, como mostra a tabela 3, o comportamento geral apresenta realidades muito diversas. Alguns países mostraram grande desvalorização de suas moedas em relação ao dólar, medidas em termos nominais (Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia); outros valorizaram suas moedas (Uruguai, Brasil e México) e, por fim, houve países cujas moedas se mantiveram inalteradas (Bolívia) ou que, diretamente, não podem variar por serem economias dolarizadas (Equador e Panamá).

Tabela 3. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)

País ou regiãoOut-dez./2022-
Jul.-set./2022
Out.-dez.-22/-
Out.-dez.-21
Promedio 2022/
Promedio 2021
Argentina19,761,337,2
Bolívia0,00,00,0
Brasil0,3-5,8-4,25
Chile-1,111,015,03
Colômbia9,823,813,59
Cuba0,00,00,40
México-2,8-5,1-0,76
Paraguai4,24,72,94
Peru0,2-3,2-1,14
Uruguai-2,1-9,0-5,42
Venezuela61,4141,7100,0
ALADI3,07,52,3
China3,911,34,43
Zona Euro-1,212,212,48
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Banco Central de Chile.
  • Comportamento dos preços ao consumidor

Em 2022, nos países onde a política monetária tinha metas inflacionárias, a inflação se manteve acima dessas metas e, na maioria dos casos, acima dos níveis prévios à pandemia. A diminuição da inflação será um caminho lento, apesar de que as autoridades da maioria dos países tenham implementado, durante 2022, medidas monetárias e fiscais restritivas e apesar de que, na última metade do ano, tenha diminuído a pressão imposta pelos preços internacionais das matérias-primas sobre os preços internos.

No caso dos países-membros da ALADI, como ilustrado na tabela 4, o comportamento da inflação medida pela variação dos preços ao consumidor foi muito heterogêneo. O FMI prevê uma desaceleração da inflação para a maioria dos países.

Tabela 4. Variação anual dos preços ao consumidor (em %)

País ou região Fim do período:
Dezembro de 2021
Fim do período
Dezembro de

2022
Fim do período:
Dezembro de
2023*
Média
2022
Média
2023
*
Argentina50,994,8 88,0 72,498,6
Bolivía0,93,1 3,6 1,74,0
Brasil10,15,85,49,35,0
Chile7,412,85,011,67,9
Colômbia5,613,18,410,210,9
Cuba*77,339,1 n/d n/dn/d
Equador1,93,7 2,3 3,52,5
México7,47,8 5,0 7,96,3
Panamá2,62,0 3,1 2,92,2
Paraguai6,88,14,19,85,2
Peru6,48,53,07,95,7
Uruguai8,08,37,09,17,6
Venezuela686,9155,8**250200,9400,0

Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados de organismos oficiais dos países-membros.(*) Correspondem a estimativas realizadas pelo FMI no World Economic Outlook. Abril 2023.(**) Para o caso da Venezuela, o valor da inflação dos últimos doze meses finalizados em dezembro não está disponível; portanto, foi utilizado o último valor disponível: o valor dos últimos doze meses finalizados em outubro de 2022.

Exportações dos países-membros da ALADI

O Indicador oportuno de exportações totais de bens da ALADI, que mede a evolução das vendas em dólares de bens de seus treze países-membros para o mundo, aumentou 10,8% no quarto trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. O indicador incrementou-se 16% para o ano inteiro, registrando ótimo desempenho pelo segundo ano consecutivo.

Não obstante, o indicador, medido em termos sazonalizados —isto é, sem levar em conta as oscilações no comportamento do indicador associadas a movimentos periódicos ou sazonais— registrou queda de 1,4% no montante exportado de bens pelos países-membros da ALADI para o mundo, no comparativo do quarto trimestre de 2022 com o terceiro trimestre do mesmo ano.

Importações dos países-membros da ALADI

Por sua vez, o Indicador oportuno de importações totais de bens da ALADI, que mostra a evolução das compras de bens que realizam os países-membros da ALADI do resto do mundo, aumentou 4,8% no quarto trimestre de 2022, se comparado ao mesmo período de 2021. Portanto, este indicador registrou alta de 20,7% em 2022, em relação a 2021.

Ao analisar o comportamento do indicador nos últimos meses do ano, e ao fazer o comparativo eliminado os fatores sazonais, observa-se que as compras do exterior caíram 6,7% no trimestre outubro-dezembro de 2022, em relação ao trimestre julho-setembro do mesmo ano. Tal como aconteceu com o indicador oportuno de exportações de bens, o indicador de importações também diminuiu no último trimestre de 2022. Isto indica que o crescimento do comércio de bens dos países da região com o mundo não poderia continuar com o mesmo ritmo de crescimento registrado em 2022.

Comércio intrarregional

Por fim, o Indicador oportuno de comércio intrarregional da ALADI aumentou 5,3% no período outubro-dezembro de 2022, em comparação com o mesmo trimestre de 2021. No total do ano 2022, o comércio intrarregional aumentou 21,4%, demonstrando comportamento muito positivo, em sintonia com o apresentado pelas exportações e importações dos países-membros com o mundo.

Ademais, o valor comercializado pelos países-membros da ALADI durante o quarto trimestre diminuiu 6,7%, em relação ao valor comercializado no período julho-setembro de 2022, sem considerar fatores sazonalizados.

Em conclusão, todos os indicadores oportunos de fluxos de comércio tiveram ótimo desempenho em 2022. Porém, o comportamento evidenciado nos dois últimos trimestres do ano demostra que tal desempenho não poderia se manter em 2023.


Dados de gráficas e tabelas

Gráfica 1. Taxa de crescimento do PIB: ALADI e principais parceiros comerciais (em %)
Gráfica 2. Índice de preços internacionais das matérias-primas (Expressos em termos reais. Base 2017= 100, médias trimestrais)
Gráfica 3. Inflação interanual (em %)
Gráfica 4. Indicador oportuno de exportações totais – ALADI
Gráfica 5. Indicador oportuno de importações totais – ALADI
Gráfica 6. Indicador oportuno de comércio intrarregional – ALADI
Tabela 1. Taxa de crescimento do produto interno bruto dos países-membros da ALADI (em %)
Tabela 2. Taxa de variação real dos preços internacionais de matérias-primas selecionadas (em %)
Tabela 3. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em em%)
Tabela 4. Variação anual dos preços ao consumidor (em %)

Metodologia e outros documentos


Tendências do Comércio de Bens (julho-setembro 2022)

Último boletim com informações até setembro de 2022.

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A Secretaria-Geral da ALADI elabora indicadores que preveem o comportamento do comércio intrarregional e das exportações e importações de seus países-membros de e para o resto do mundo, com o propósito de facilitar a tomada de decisões dos agentes econômicos.

Principais variáveis que repercutem no andamento do comércio internacional dos países-membros da ALADI

A produção de bens e serviços de um país —e de seus principais parceiros comerciais—, os preços internacionais dos produtos básicos e a evolução dos preços internos e das taxas de câmbio são alguns dos fatores que, no curto prazo, condicionam a oferta e a demanda de bens que os países-membros da ALADI comercializam entre si e com o resto do mundo. Por esse motivo, revisa-se o comportamento recente destas variáveis.

  • Atividade econômica nos países-membros da ALADI

Em outubro de 2022, o Fundo Monetário Internacional revisou suas projeções de crescimento econômico para os países-membros da ALADI, prevendo uma alta nas economias. Assim, a produção de bens e serviços finais da região deve aumentar, ainda neste ano, 3,2% em comparação com 2021, superando a queda de 7,1%, registrada em 2020.

Caso as projeções do Fundo sejam cumpridas, a taxa de crescimento da região deve diminuir neste ano e ainda mais no ano próximo. Tal diminuição seria consequência dos problemas internos e do impacto negativo de três fatos internacionais simultâneos: a guerra na Ucrânia, o baixo ritmo de crescimento da economia chinesa e o aumento das taxas de juros internacionais e internas, em decorrência do aumento da inflação na maioria das economias.

Tabela 1. Taxa de crescimento do produto interno bruto dos países-membros da ALADI (%)

País2020202120222023
Argentina-9,910,44,02,0
Bolívia8,76,13,83,2
Brasil-3,94,62,81,0
Chile-6,111,72,0-1,0
Colômbia-7,010,77,62,2
Cuba*-10,91,3n/dn/d
Equador-7,84,22,92,7
México-8,14,82,11,2
Panamá-17,915,37,54,0
Paraguai-0,84,20,24,3
Peru-11,013,62,72,6
Uruguai-6,14,45,33,6
Venezuela-30,00,56,06,5
ALADI**-7,16,63,21,5
Nota: n/d= Não disponível. Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados históricos de organismos oficiais dos países-membros, bem como estimações e projeções realizadas pelo Fundo Monetário Internacional, exceto a República de Cuba. ()Para o caso de Cuba, foram utilizados valores históricos correspondentes a ONEI e CEPAL. (*) Para os anos 2022 e 2023 não incorpora projeções da República de Cuba. URL utilizadas: FMI:https://www.imf.org/en/Publications/WEO/weo-database/2022/October. CEPAL: https://statistics.cepal.org/portal/cepalstat/perfil-nacional.html?theme=2&country=cub&lang=es ONEI:http://www.onei.gob.cu/node/18247

A desaceleração do crescimento das economias dos países-membros da ALADI e de seus principais parceiros terá impacto negativo no comércio regional e extrarregional. Nesse cenário, o FMI previu aumento do comércio mundial de bens e serviços de 4,3% para este ano, e de 2,5% para ano que vem.

  • Evolución de los precios internacionales de las materias primas

A desaceleração do crescimento das economias do mundo —especialmente da chinesa— e o aumento das taxas de juros no mundo vêm provocando uma diminuição do ritmo de crescimento dos preços nominais das matérias-primas. Para este ano, o FMI prevê incremento real de 29,9% no preço dos combustíveis —isto é, muito abaixo do crescimento real de 58% registrado em 2021—. Para 2023, espera-se uma contração dos preços de 18,2% em termos reais.

Por sua vez, o crescimento nominal dos preços do resto das matérias-primas não bastará para compensar o aumento da inflação, e decorrerá em diminuição real dos preços de 1,4%. A situação será mais profunda em 2023; para o ano próximo, o FMI prevê diminuição dos preços de 12% em termos reais.

  • O comportamento dos preços ao consumidor

O incremento dos preços internacionais, alguns problemas de fornecimentos e uma maior demanda doméstica provocaram forte aceleração no ritmo de crescimento dos preços ao consumidor a partir de 2021. Apesar das medidas monetárias e fiscais implementadas, a inflação, na escala internacional, ainda se mantém acima dos níveis previstos pelas autoridades, reduzindo o poder de compra dos consumidores de bens domésticos e importados.

Os países-membros da ALADI não são alheios a esta situação. Não obstante, a análise deve considerar a situação de, por um lado, os países com inflação baixa e moderada e, pelo outro, daqueles que, antes da aceleração mundial dos preços ao consumidor, já tinham inflação alta ou extremamente alta (Argentina e Venezuela).

Para o caso dos países com inflação baixa ou moderada, as medidas adotadas conduziram a uma desaceleração da inflação, embora ainda se mantenha acima da meta estabelecida.

>

Por sua vez, nos países com inflação alta ou extremamente alta, observa-se, no caso da Venezuela, uma pronunciada diminuição no ritmo de crescimento dos preços ao consumidor e, no caso argentino, uma aceleração deste crescimento.

  • Evolução das taxas de câmbion de los tipos de cambio

O aumento das taxas de juro no mundo em um cenário incerto, dentre outros fatores, endureceu as condições de financiamento para governos e empresas.

Esta situação impactou no mercado de câmbios. No terceiro trimestre de 2022, o dólar se fortaleceu em relação ao euro, ao yuan renmimbi e à maioria das moedas dos países-membros da ALADI, em comparação com o segundo trimestre do mesmo ano.

No comparativo com o terceiro trimestre do ano 2021 ou com os últimos doze meses finalizados em setembro, o dólar se fortaleceu frente às moedas de todos os países-membros, menos de Bolívia, Brasil, Uruguai e Venezuela.

Tabela 2. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)

País ou regiãoJulho-set./2022-
Abril-junho/2022
Julho-set./2022-
Julho-set.-21
12 meses a set.-22/-
12 meses a set.-21
Argentina15,039,327,9
Bolívia 0,00,00,0
Brasil7,00,4-2,0
Chile10,220,114,4
Colômbia12,113,99,0
Cuba0,00,032,2
México1,01,10,7
Paraguai0,60,11,2
Peru3,9-3,82,5
Uruguai0,5-5,6-2,4
Venezuela37,8-100,0-100,0
China3,55,90,8
Zona Euro5,817,110,5
Fonte: Secretaria-Geral da ALADI com base em dados do Banco Central de Chile.

Exportações dos países-membros da ALADI

O Indicador oportuno de exportações totais de bens da ALADI, que mede a evolução das vendas em dólares de bens de seus treze países-membros para o mundo, aumentou 15,7% no terceiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021.

Em termos sazonalizados, isto é, sem levar em conta as oscilações no comportamento do indicador associadas a movimentos periódicos ou sazonais, o montante exportado de bens dos países-membros da ALADI para o mundo diminuiu 0,1% no terceiro trimestre deste ano, se comparado ao segundo trimestre.

A desaceleração da demanda e a redução de alguns preços de matérias-primas podem explicar a baixa registrada nas exportações dos países-membros da ALADI para o mundo e, caso as projeções se comprovem, podem se aprofundar nos próximos trimestres.

Importações dos países-membros da ALADI

Por sua vez, o Indicador oportuno de importações totais de bens da ALADI, que mostra a evolução das compras de bens que realizam os países-membros da ALADI para o mundo, aumentou 23,8% no terceiro trimestre de 2022, se comparado ao mesmo período de 2021. No entanto, em comparativo feito sem fatores sazonalizados, as compras para o exterior registraram aumento de 0,2% no trimestre julho-setembro de 2022, em relação ao trimestre abril-junho do mesmo ano.

A demanda por produtos importados dos países-membros da ALADI vem se desacelerando e a situação poderia se aprofundar nos próximos meses. Isto, como consequência de uma diminuição no poder de compra de consumidores e produtores, da desvalorização das moedas locais em relação ao dólar na maioria dos países-membros e de um ritmo menor de crescimento das economias.A demanda por produtos importados dos países-membros da ALADI vem se desacelerando e a situação poderia se aprofundar nos próximos meses. Isto, como consequência de uma diminuição no poder de compra de consumidores e produtores, da desvalorização das moedas locais em relação ao dólar na maioria dos países-membros e de um ritmo menor de crescimento das economias.

Comércio intrarregional

O Indicador oportuno de comércio intrarregional da ALADI aumentou 29,3% no período julho-setembro de 2022, em comparação com o mesmo trimestre de 2021. Ademais, a média do valor comercializado pelos países-membros da ALADI durante o terceiro trimestre foi 2% superior à média do valor comercializado no período abril-junho de 2022, sem considerar fatores sazonalizados.


Dados de gráficas e tabelas

Gráfica 1. Taxa de crescimento do PIB: ALADI e principais parceiros comerciais (em %)
Gráfica 2. Índice de preços internacionais das matérias-primas
Gráfica 3. Inflação interanual (%)
Gráfica 4. Inflação interanual na Argentina (%)
Gráfica 5. Inflação interanual na Venezuela (%)
Gráfica 6. Indicador Oportuno de Exportações Totais – ALADI
Gráfica 7. Indicador Oportuno de Importações Totais – ALADI
Gráfica 8. Indicador Oportuno de Comércio Intrarregional – ALADI
Tabela 1. Taxa de crescimento do produto interno bruto dos países-membros da ALADI (%)
Tabela 2. Variação das taxas de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar (em %)

Metodología y otros documentos